Episódio 2


-1.000 a.C | -300 a.C

Comunidades de Povos autóctones


Episódio 2

Culturas Tribais e Comerciais

Nos últimos -1000 a.C, decorridos essencialmente durante o culminar da primeira idade do ferro, acompanhando a progressão da agricultura e das primeiras comunidades camponesas chegam aqui a sul os primeiros grupos tribais como descrito no episódio anterior. Vamos ter o território ocupado por tribos de habitantes originais provenientes do norte, criadores da grande cultura megalítica, os "Lusitani", os "Celtici" e aqui na nossa região Sul os "Coni" ou Cónios. Todos eles formam inicialmente comunidades de povos autóctones, com o tempo dando origem a uma grande tribo ibérica que viria ser conhecida como Iberos, num vasto espaço ao que os próprios geógrafos Gregos deram o nome da *Ibéria.

Quanto às primeiras migrações Celtas do povo "Celtici" chegaram ao ocidente europeu, já os Iberos estavam estabelecidos á muitas gerações da antiguidade, não se sabe ao certo a origem destas tribos celtas, mas é muito provável que fossem oriundas dos alpes suíços e tenham migrado devido ao clima mais quente, (não se devem confundir com os celtas ibéricos a norte da Europa). Coexistiram com os Iberos habitando em regiões distintas: os celtas viviam principalmente na zona Norte da península, enquanto os Iberos fixaram-se aqui no hemisfério Sul. Há indícios de que mais tarde os Celtas e os Iberos formarão uma aliança militar contra os Romanos, dando origem aos Celtiberos, estes últimos deslocar-se-ão exclusivamente para a região norte conquistando a área compreendida logo abaixo da atual Braga, Vigo e parte da Galiza, prevalecendo como cultura independente.

*Ibéria, segundo estudos, os Iberos teriam origem do norte da Europa caucasiana, e teriam construído "oppida" muito semelhantes às mesmas construções encontradas na Escócia. Essa teoria está apoiada em evidências arqueológicas, genéticas e linguísticas, provavelmente derivado do (Iberus), a todas as tribos instaladas na costa sueste, no poema Grego, "Ode Marítima", relata as aventuras de um navegador grego que nos finais do século VI a.C. descreve a existência de várias etnias na costa meridional atlântica e seriam provavelmente, os responsáveis pelo comércio com o atlântico norte.


De Iberos a "Lusitani" versus "Celtici"

Com o decorrer dos séculos formam-se uma panóplia de cog-nomes de comunidades tribais mas as culturas étnicas mais importantes e reconhecidas como povo serão no século X a.C. (-900 a.C.) a dos Celtiberos no este-norte, mas o conceito de Iberos podia ser usado num sentido geral ao agruparem-se em cidades-estado independentes e ao continuar a prevalecer como Ibéria. Já aqui no oeste-sul começa a identificar-se um conjunto de habitantes de tribos da mesma etnia originária dos "Cónios" que acabarão por formar a nova original dos **"Lusitani" também chamados de Belitanos.

Inicia-se a meio do mar mediterrâneo a formação do entreposto comercial de Cartago e a grandeza do povo Cartaginês em pleno ano -814 a.C, que aqui acabará por desembarcar e virá a ser aliado destes últimos, os Lusitanos. O que é certo e será abordado mais tarde, é que quanto há sequência da conquista romana identifica-se então estas duas importantes etnias que terão criado o território extenso da província da Lusitânia, os anteriores Celtiberos que resistiram todos estes séculos e a dos Lusitanos previamente formados, constituem um conjunto de culturas ibéricos ainda pouco conhecidas e persistiram em habitar esta porção oeste da península Ibérica.

Os Lusitanos foram um povo guerreiro e agrário, que a partir das minas sabiam trabalhar o ferro para os seus instrumentos de guerra, foi assim que conseguiram dominar quase toda a totalidade da península Hispânica, formarão importantes alianças com os próprios Etruscos na luta contra Roma na atual Itália em -530 / -520 a.C. permitindo-lhes formar aqui a mais poderosa nação Ibérica do Oeste, a Lusitânia.

Mais tarde aliar-se-ão também com os Cartagineses pouco tempo antes da invasão Romana iniciada aqui no século I a.C (-218 a.C), estes com os desígnios expansionistas da "Civita" manterão o nome de Lusitânia-Romana no mapa como uma província próspera que no futuro será uma boa parte do que será o território "Portucale" Portugal de hoje.
(será para um episódio mais tarde).

*As informações sobre os Lusitanos são-nos transmitidas através dos relatos dos autores gregos e romanos da antiguidade o que por vezes causa diversos problemas ou conflitos na interpretação dos seus textos.

"Lusitani" encontravam-se, na parte ocidental, considerada por alguns autores a maior das tribos ibéricas, com a qual durante muitos anos lutaram os romanos e que posteriormente viriam a sofrer influências orientais dos povos do mediterrâneo.


Culturas "os povos do mar"

Embora este território no sul da península Ibérica esteja associado aos instrumentos de pedra lascada e polida e ao megalitismo, antes de qualquer memória aqui existente de São Brás, na área compreendida entre o maciço calcário e o atual concelho já é possível considerar a existência de um primitivo povoado de comunidades camponesas dispersas. Sociedades primitivas estas pré-romanas dependentes, onde se desenvolvem monarquias que rivalizam as comunidades-estado do norte. Este território consistiria num castro lusitano na transição do Neolítico para o Calcolítico com os seus ídolos de calcário, há obstante dependência do comércio dos portos da linha da costa das grandes urbes que começavam a ser construídas junto à orla marítima.

Dá-se uma mudança em -750 a.C, com a passagem ao clima subatlântico muito húmido e frio, nas regiões montanhosas das antigas sociedades agro-pastoris do sul deste território já tinham desenvolvido a exploração mineira, encetando amplos e continuados contactos com povos mais desenvolvidos a nível técnico e cultural, que as influenciaram. Este clima de agora é propício durante os próximos séculos ao aperfeiçoamento do arado e já sem dúvida alguma também a rotação das culturas de cereais que são exportados ao longo de quase todo o mediterrâneo, suscitando às trocas comerciais existentes inicialmente com a chegada dos Fenícios "os povos do mar" e mais tarde, após a formação de Cartago, será o aparecimento dos Cartagineses.

"Estamos na região montanhosa entre o barrocal e a serra, o mar espreita no horizonte a sul, a paisagem é ocupada por um povoamento de casas circulares no sopé íngreme do serro por um povo Lusitano. São guerreiros e agrários, as minas que abrangem este território até à zona hispânica dão-lhes o ferro que serve para os seus instrumentos de guerra. Alguns indivíduos lavram a terra em proveito da comunidade enquanto outros tem como função nos seus posto de vigia o da proteção e têm como parceiros comerciais os Fenícios que começam a fundar aqui junto ao litoral colónias comerciais."

Viramo-nos mais para sul, a área lagunar da Ria Formosa por estar junto ao litoral com acesso aos seus portos atraiu a presença humana já desde o Paleolítico até ao final da Pré-História, como já nos certificámos começa a formar-se nesse espaço, um centro hegemónico de um território fértil. O poder militar do ferro desempenha um papel de contacto com outros povos do oriente, os recém-chegados navegadores ***Fenícios tiveram influências mínimas na ascendência do povo ibérico, no entanto é de salientar que o verdadeiro (Poder do Povo) deve-se ao alfabeto e há escrita derivada dos sistemas fenício e grego que estes novos povoados começam a servir-se um pouco por toda a costa este. É uma escrita alfabética do 1.º milénio a.C. com um sistema de 28 sílabas e caracteres que contribuem culturalmente com o alfabeto greco-ibérico e a escrita paleohispânica, motivando às tribos a uma nova adaptação linguística indo-europeia, criando um dialeto específico de origem desconhecido.

BIBLIOGRAFIA
#"Não se sabe de fonte segura quando foi iniciada a exploração da (mina de Tareja), admite-se que os Fenícios tenham iniciado por aqui as primeiras actividades comerciais, vindo aqui à procura das minas de cobre."

Edição de autor - 2005 de Sebastião de Sousa Chaveca "Memórias do povo sambrasense".



***Fenícios, comercializam na maior parte da Europa-mediterrânica, trazem-nos a púrpura o fruto da palmeira ou talvez tecidos desconhecidos realizando transacções em troca da madeira de cedro e minerais. A presença numa lápide dum crescente lunar assinala o culto a "Selene", divindade lunar encontrada no (cerro de S.Miguel) e associada de culto, documentado a sul da península em contextos de secretismo de origem Fenício-púnica.

Pesquisas proveniente de: "Atlas Histórico da pré-história aos nossos dias" edição especial, original Hachette-Paris

Transações Comerciais

Contudo o mais importante na orla da costa é a provável fundação fenícia dos mais variados povoamentos "oppida" urbanos nos séculos IV e III a.C, efetivando às primeiras transações comerciais. Uns já viviam da faina piscatória, onde se limitam a ocupar e a desenvolver a pré-existente povoação indígena como é o caso de Osson Ëba Listaria, que deriva da expressão (armazém no sapal) reportando-se ao entreposto comercial estabelecido no inicio dessa época no atual Morro da Sé. Osson Êba mais tarde será apelidada de "Osvunba", para tempos futuros e para sempre reconhecida pelo simples topónimo de Ossónoba, prosperará tornando-se uma "Civitates peninsular" com estatuto importante de direito latino em todo o território, isto já em época romana.

Outrora uma também das mais importantes de origem primitiva pré-romana, é ****"Bals" (Balsa) dos povos balsenses tendo conservado o nome da língua púnica, – esta já desaparecida (torre d'aires – Luz de Tavira), topónimo de origem greco-fenícia, nome que segundo a mitologia grega, era um filho de Amitaon e Idomencia. Outras igualmente importantes como #*"Bias" também de origem greco-fenícia (Bias do sul). Surgem também outros nomes como "Baesuris" greco-fenícia nos arredores de (Castro-Marim), o território Lusitano estendia-se até ao Guadiana, na costa não faltavam feitorias fenícias, com quem mantinham relações comerciais.

Influências Orientais

Estes agricultores Lusitanos viram guerreiros, após o conhecimento necessário da exploração mineira em plena idade do ferro nos -500 a.C, bebem desta distinta cultura do mediterrâneo oriental e servem-se de uma escrita alfabética civilizada. Aparecem assim os primeiros príncipes e líderes de tribos, já no que diz respeito à fauna de animal selvagem, os vales do Alportel são ricos em javalis, coelhos, e no grupo dos domésticos o porco, a ovelhas a cabra, entre outros. Inicia-se assim os primeiros comerciantes na gola constituída entre as árvores de grande porte que formam a floresta de carvalhos e castanheiros e a vegetação densa do mato. Na zona mais para oeste, era então, parte integrante das terras dos últimos Cónios existentes, Turdetanos, e Tartéssicos, as primeiras comunidades comerciais significativas poderá ter a ver com o comércio de gado proveniente da planície alentejana ao fazer parte da vida de Celtiberos a norte e Lusitanos aqui no sul.

No contexto comercial, a população indígena peninsular há muito que se havia habituado ao contacto dos "povos do mar" e aos costumes alheios e mais civilizados, às diferentes culturas, que por aqui passaram. Começaram por ser os Fenícios, alguns Gregos e finalmente os fenícios-Cartagineses que vieram também a habitar na península, todos eles contribuíram para a mutação de línguas não Indo-europeia até finais do século IV e III a.C. A expansão Fenícia ultramarina foi obra de Tiro e Sídon, estes seguiram sempre uma política individualista e com respeito aos poderes vizinhos que poderiam viver em conformidade com estes novos povos "Lusitani" aqui presentes, no entanto o mesmo não se poderia dizer dos interesses militares deste novo povo que acabará por aqui chegar.

WEBGRAFIA
****Balsa
, fundada por fenícios mais tarde seria uma cidade romana, nos terrenos litorais hoje designados por Torre d'Aires, Antas e Arroio, tendo Pedras d'El-Rei, Luz, Rato e Pinheiro como subúrbios, situava-se sobre a via de um dos Iinerários de Antonino que ligava Baesuris e a "Civita" romana Ossónoba e o sapal limitado pelo canal de Tavira. Era assim uma cidade de considerável dimensão no Império Romano, muito acima da média urbana da província da Lusitânia, a que pertencia, desde o século em que foi fundada até ao seu apogeu urbanístico século II d.C de autonomia municipal "oppidum" depois promovido a "municipium", cunhou moeda própria, no início da ocupação romana efectiva e termina no séc. V ou VI da nossa era ao ocupar uma área de cerca de 45 hectares.

Balsa, cidade perdida
Autor: Luis Fraga da Silva
Edição: Campo Arqueológico de Tavira e Câmara Municipal de Tavira

#*Bias, lápide com cognome grego (Chry Santus-libertos) hipotética grande "villae de Bias" de escravos de origem grega, o que é certo é que o sítio perdurou com o nome até hoje. Bias, emigrou para Sardenha após a vitória com os Persas e dirigiu-se para ocidente num barco helénico. A célebre frase: "Eu levo tudo comigo".

Importância estratégica

No século IV a.C surgem os artificies que executam com utensílios especializados a produção em série, este aumento de produção de metal gera o aparecimento de soldados profissionais, a montagem a cavalo é introduzida pelos povos orientais, ainda estávamos um pouco longe de Cartago prosperar e ser digno dos melhores regimes da Grécia, ainda não tinham acontecido as guerras púnicas que mais tarde virão por acontecer.

"Estamos em meados do ano -300 a.C, canta um galo ao raiar do dia que promete ser frio e húmido, aqui nestas colinas do barrocal os lugarejos viram povoamentos, águas límpidas exibem reflexos das grandes árvores existentes, nascentes brotam por entre os seixos de rocha xistosa, constituiu-se aqui um povo ibérico que prefere e habita esta porção oeste, os Lusitanos. Criadores da grande cultura megalítica que tem início neste território, na costa este, as tribos agrupam-se em cidades-estado independentes, mas aqui mais a sul forma-se pequenas monarquias fundiárias e metalúrgicas. Um chefe tribal numa grande mesa de madeira maciça organiza o dia com indicações de uma agricultura rica, forte exploração mineira e desenvolvida, mais tarde dirige-se ao santuário religioso, onde se encontram estatuetas de bronze e terracota, há uma grande variedade de cerâmica de distintos estilos, sem fazer ideia do povo que acaba por desembarcar mais a sul junto à costa, os Cartagineses."

Chegaram para estabelecer pequenas colónias-feitorias comerciais costeiras semipermanentes de grande importância estratégica, com a chegada dos Cartagineses por intermédio de "Amílcar Barca" instalam-se nas terras dos antigas dos Cónios onde fundaram #**Portus Hannibalis, foram substituindo os locais existentes e com o tempo as monarquias fenícias viram-se abolidas nas feitorias além-mar, obviamente sem estarem à espera que estava para breve o confronto com um Império Romano que chegaria, seria inevitável. Estes testemunhos a Sudoeste da Península Ibérica, integram uma complexa "arquitectura de poder", que corresponde a modelos que tiveram uma ampla aceitação entre as élites atlântico-mediterrânicas constitui, segundo alguns pré-historiadores, uma das evidências materiais de uma sociedade classista inicial na região do actual Algarve no último 1º milénio a.C.


BIBLIOGRAFIA
#**As informações sobre os Cartagineses são-nos transmitidas através dos relatos dos autores Gregos da antiguidade o que por vezes causa diversos problemas ou conflitos na interpretação dos seus textos, no entanto Portus Hannibalis fica situado próximo de Portimão e Alvor.

Pesquisas proveniente de: "Atlas Histórico da pré-história aos nossos dias" edição especial, original Hachette-Paris



Texto adaptado e publicado por mediaKRIATIVE






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  • Migrações das tribos pré-românicas no território do atual Portugal, século IX a.C

    Célticos "Celtici"
    Lusitanos "Lusitani"
    Túrdulas "Turduli"
    Cónios "Coni"

    Placa de chumbo com inscrição ibérica

    Sobreviveram muitas inscrições dessa escrita , mas poucas palavras são compreendidas, excepto alguns nomes de locais e cidades do século III d.C, encontradas em moedas.

    Tribos sobreviventes:

    Célticos + Iberos-"CELTIBEROS" (Aliança Militar)
    Lusitani + Cónios-"LUSITANOS"
    (grande Tribo Ibérica)
    (Estes últimos chegam até ao século II a.C.)









    Estatueta da Deusa Fenícia Anat -750 a.C.

    Foto: "Atlas Histórico aos nossos dias" Heróglifos, escrita alfabética -800 a.C.

    Foto: pág.31 "Atlas Histórico aos nossos dias"


    1 - Navio Fenício, moeda de Sídon
    2 - Moedas de "Balsa"


    A Mina da Tareja

    Foto do livro: "Memórias do povo sambrasense" de Sebastião de Sousa Chaveca





    Com importância estratégica e a chegada dos Cartagineses, viram-se abolidas as feitorias além-mar nos -300 a.C.





    Moeda de Cártago